Febre não é doença, mas um sintoma que pode significar desde um simples resfriado a uma infecção grave. Os recém-nascidos, principalmente, devem ser logo medicados, para não correr riscos de desidratação ou convulsão. No caso das crianças maiores, algumas medidas podem adiar o remédio. Ou até mesmo evitá-lo.
Temperatura acima de 37º significa febre
ERRADO. A temperatura normal do corpo varia entre 36,5º e 37,5º. Só acima de 38º é que passa a ser considerada febre.
Se a testa da criança estiver quente, não é necessário colocar o termômetro para confirmar a febre
ERRADO. Pelo tato, não se consegue distinguir uma temperatura entre 37,2º e 38,3º e, portanto, saber a hora de entrar com o medicamento.
Passar uma esponja embebida em álcool no corpo faz baixar a febre
ERRADO. O álcool tem um calor específico muito alto, que acaba passando para a criança. Melhor dar um banho (de morno para frio) ou envolver o bebê em um lençol úmido, por alguns minutos. Fazer uma compressa com gelo nas axilas, virilhas e testa também dá ótimos resultados.
A febre é mais perigosa nos recém-nascidos do que nas crianças maiores
CERTO. Um bebê de um mês com febre de 37,8º deve ser logo levado ao médico. Devido à fragilidade de seu sistema imunológico, mesmo que não apresente nenhum sintoma, ele pode estar seriamente doente e desidratar em pouco tempo. Acima dos quatro meses, alguns sintomas já aparecem – nariz entupido, coriza, diarréia – facilitando o diagnóstico. Depois de três anos, se a febre não trouxer outras complicações e não passar de três dias, não é necessário procurar o pediatra.
Até os 37,8º não se dá antitérmicos
CERTO. Este estado, chamado de subfebril, pode ser revertido apenas com o banho quase frio. Oferecer um antitérmico, nesta situação, pode levar à hipotemia aguda, ou seja, a temperaturas abaixo de 36º.
Só é necessário procurar o pediatra se a febre passar de 38º
ERRADO. A febre é apenas um sintoma, que deve ser observado com atenção. Avalie o estado geral da criança, sua disposição para brincar, seu humor. Dependendo do quadro, procure o pediatra.
Uma criança com febre alta pode ter convulsões
CERTO. Normalmente de origem hereditária, acontece somente com 5% delas e na faixa de idade entre seis meses e dois anos. São tremores incontroláveis que podem durar apenas alguns segundos. Caso seu filho tenha tido convulsões antes, observe para que a temperatura não ultrapasse os 38,5º.
Não há o que fazer diante de uma convulsão, além de esperar que passe
ERRADO. Logo que acontecer, deite a criança em um local plano e retire seu agasalho. Verifique se ela tem alguma bala ou chiclete na boca e jogue fora. Vire sua cabeça para o lado, de forma que não sufoque, caso venha a vomitar. Ligue imediatamente para o médico.
Uma criança febril deve ficar em casa e na cama
ERRADO. Não é necessário que ela permaneça deitada o tempo todo, mas convém não se agitar muito. Dependendo da causa da febre e do próprio temperamento, as reações podem variar: algumas crianças continuam brincando normalmente; outras ficam mais abatidas. Quanto a sair na rua, não existe impedimento, desde que não haja uma mudança brusca de temperatura. Nem calor, nem frio excessivos do lado de fora. Deve-se evitar, também, ambientes fechados. Mas, atenção: quem está com doenças contagiosas, como catapora, cachumba, rubéola ou sarampo, precisa ficar isolado para não transmitir o vírus.
Deve-se agasalhar o bebê para baixar a febre
ERRADO. O bebê necessita fazer a troca de temperatura com o meio e não manter a febre no corpo. Recomenda-se, inclusive, ligar o ar refrigerado, tendo o cuidado de colocar uma bacia com água no quarto, para conservar a umidade do ambiente.
Durante a febre, quanto mais líquido, melhor
CERTO. A ingestão de água, sucos, leite e gelatinas serve para repor o líquido perdido através do suor, além de baixar a temperatura do corpo. A amamentação não deve ser interrompida também. Em caso de vômitos ou diarréia, entre com o soro caseiro ou o que é vendido nas farmácias. E muito cuidado com a desidratação. Se notar que o bebê está com a boca e os olhos secos, urinando pouco e muito apático, leve-o imediatamente para o hospital.
Por Regina Protasio Consultor: Dr. Eduardo Figueiredo Salles, pediatra. Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria