A cebola e o rei Indispensável como tempero, a cebola também é sinônimo de boa mesa Eliane Barbosa Cabe a um conterrâneo do papa João Paulo II as honras e as glórias da popularização da sopa mais famosa da França: a sopa de cebola.
Estanislau I, que foi rei duas vezes da Polônia, sogro de Luís XV, rei da França, adorava comer bem e apreciava em particular a hortaliça.
Comia cebola de todas as formas possíveis: crua, refogada, cozida ou assada. Como costumava visitar a filha, Maria, outra glutona de nascença, pelo menos duas vezes ao ano, ajudou a popularizar a sopa durante as longas viagens entre Lorena e Châlons, no norte da França, convidando cozinheiros reais para a preparação da alquimia.
O crítico gastronômico J.A.Dias Lopes, da revista Gula, não acredita que Estanislau Lesczynsky tenha inventado a sopa, que é anterior às viagens, mas lembra que foi o rei popular da Polônia o responsável pela fama que conquistou no pedaço.
A versão encontra respaldo no escritor francês Alexandre Dumas (1802-1870) autor de os Três Mosqueteiros e do Grande Dicionário da Cozinha que também venerava cebola.
Dumas dizia que a sopa de cebola, a cebola in natura e os pratos à base dela eram venerados pelos bêbados. Depois de tomar todas, ele e outros membros da boemia parisiense esticavam até o mercado Les Halles para saporear o caldo, mesmo que causasse ardor em seus olhos.
“Foi ali que a sopa começou a ser polvilhada com abundante camada de queijo ralado e colocada no forno para gratinar”, explica Dias Lopes.
Hábito que foi imitado em São Paulo nas noites invernais do restaurante do Ceasa e que posteriormente chegou ao interiorzão, acalmando a bebedeira depois dos bailes carnavalescos.
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Cebola & saúde
A cebola, além de ser uma das hortaliças condimentares mais utilizadas no mundo, fortalece o pulmão, estômago, intestino grosso e alivia sintomas de resfriados e até bronquites, de acordo com o livro Terapia Dietética Chinesa, do médico Mauro Perini, especialista em medicina tradicional chinesa e fundador do Spa Clínica Yan Sou, em Bragança Paulista-SP.
A obra baseia-se nos mesmos princípios usados, por exemplo, na acupuntura, prática reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira.
Como a acupuntura, a alimentação baseada nos princípios da tradicional medicina chinesa considera o homem como o conjunto entre matéria e energia. A parte material é a que podemos tocar, e a energia, responsável pelo movimento.
A vida se expressa por meio dele, que ocorre à custa da energia que é sempre bipolar, sendo negativa ou positiva ou, para os chineses antigos, Yang e Yin.
A saúde depende do equilíbrio entre esses dois elementos, que podem sofrer influência do estilo de vida, ambiente e da alimentação.
Por exemplo, se a pessoa está razoavelmente equilibrada e se expõe ao frio, pode gerar um desequilíbrio pelo excesso de Yin, o que corresponde ao famoso resfriado.
A cebola tem influência na energia do pulmão, estômago e intestino grosso. No intestino, o alimento ajuda nos movimentos responsáveis pela digestão.
O alimento em papa ou como decocção para beber pode diminuir dores no abdominal superior. Em relação ao pulmão, de acordo com a medicina tradicional chinesa, a dor no peito ou tosse com muco deve-se à acumulação de frio e umidade no peito, podendo ser amenizadas com a ingestão da cebola (como suco), a fim de ativar o Yang.
A medida também oferece efeitos terapêuticos significantes em enfermidades como angina peitoral, pleurisma e bronquite. Por outro lado, a cebola não é recomendável para pacientes com febre, pelo excesso de Yang.
