Quentinho, cheiroso, crocante e irresistível. Não é à toa que ele é o nosso pãozinho de cada dia.
"Todo o dia está na mesa das pessoas do mundo inteiro. O pão de cada dia", diz a nutricionista Ana Vládia Moreira.
A pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte é doutora em nutrição e sabe muito bem como o nosso apetite é grande.
"As pessoas tem prazer em tomar café ou chá acompanhados de pão", diz Ana.
“Eu acho que tem que ter um pãozinho no café e na janta", diz a auxiliar de enfermagem Gabriela Gomes.
Só que o pãozinho que a Gabriela está comendo é diferente. Ele saiu do forno do laboratório, testado e aprovado por pacientes que tinham altas taxas de gordura no sangue.
"O pão normal apresenta carboidratos, complexos como o amido. Mas quando ele é consumido em excesso ele pode ser armazenado em forma de gordura. Daí a relação direta desse alimento também com problemas de coração", explica a nutricionista Ana.
Já um outro pão é enriquecido com um ingrediente muito especial: as gotas douradas de ômega 3, a chamada gordura boa, encontrada nos peixes, que ajuda a prevenir as doenças cardiovasculares.
Dois anos de estudos até a fórmula ideal. O desafio dos pesquisadores era tirar o cheiro e o gosto do peixe.
“Eu achei o sabor do pão muito bom. Ele é bem leve, não é enjoativo, bem saboroso”, diz Gabriela.
Gabriela e a mãe, dona Neci, fizeram o teste. Ao todo, vinte pessoas que se tratavam numa clínica em Natal. Todas encaminhadas à Universidade. As taxas do sangue passaram por vários exames.
O pão enriquecido ajudou a reduzir as taxas de triglicerídeos e colesterol. A pesquisa levou um mês. Os nutricionistas preparavam o pão na Universidade e entregavam na casa dos voluntários.
A doença do marido foi o alerta para dona Neci: trombose, provocada por hipertensão.
"Antes do pão enriquecido, a gente tinha taxas altas, sentia tontura, mal estar. Eu comendo esse novo pão, a taxa diminuiu", conta dona Neci.
"Depois que a gente come, a gente fica satisfeito. Estou tendo saúde e fazendo o que todo mundo gosta que é comer", diz Gabriela.
“Mais uma espécie silvestre da mandioca nativa de pernambuco. Eu coletei ela de Serra Talhada”, mostra Nagib.
E cada pé tem um qualidade especial.
“Ele é muito bom, ele é resistente a um inseto que é chamado de broca de caule”, diz Nagib.
Algumas já foram extintas em seu habitat natural e pelas mãos do professor Nagib voltaram a fazer parte da flora nacional. Outras, surpreendem pelo vigor, como um árvore de quase 10 metros de altura.
“É uma coisa interessante nas espécies silvestres da mandioca, porque eles variam de árvores imensas até anãs, pequeninhas. Algumas não ultrapassam 30 centímetros”, conta Nagib.
A busca do professor Nagib é por mandiocas silvestres. Porque a espécie que estamos habituados a comer, ao longo do processo natural de seleção perdeu as propriedades importantes para a saúde, como as proteínas.
Nutricionistas, biólogos e agrônomos de uma equipe multidisciplinar da Universidade de Brasília, aceitaram o desafio de, junto com o professor Nagib, descobrir as características de cada espécie. Valeu a pena! Encontraram uma variedade silvestre que ainda mantinha suas propriedades originais.
Os pesquisadores estipularam para cada paciente duas fatias de pão ou 90 gramas por dia. Dentro delas, o equivalente a dois gramas de óleo de peixe, que contêm ômega 3, ou duas cápsulas diariamente. Durante 30 dias, 20 voluntários foram avaliados. Nos testes, 10 deles comeram o pão, a outra metade seguiu a dieta normal. A diferença do resultado apresentado pelos dois grupos foi muito significativa.
Gabriela já perdeu dez quilos desde que começou a comer o pão. A mudança de hábito começou na mesa e até onde vai?
"Mudou tudo. Estou me sentindo mais magra, mais feliz e mais bonita, que é o melhor", sorri Gabriela.
"Sempre que alguém está se cuidando, está trabalhando, investindo em si a auto-estima é automática. Foi uma alegria ver o que se pode fazer com menos uso de medicamentos. Quando você parte para a pesquisa da formação dos radicais livres, para a pesquisa do envelhecimento, é condição básica uma alimentação saudável", declara o cardiologista e geriatra João Mariano Sepúlveda.
E a pesquisa parecia trabalho de alquimista. Foram doze receitas misturando ingredientes até chegar às especiarias ideais.
"As especiarias não são só a pitadinha de sabor. Elas também podem estar prevenindo a oxidação desta gordura, que é o que a gente deseja que possa reduzir ou contribuir para uma melhor qualidade de vida nesse tipo de paciente com os níveis elevados”, diz a nutricionista Ana Vládia.
As especiarias também agem como conservantes naturais. Elas ajudam a evitar que o pão se estrague. Pode durar até cinco dias sem criar mofo.
O sucesso do pão foi tão grande entre os pacientes que testaram a receita, que depois que a pesquisa acabou, eles quiseram mais. Era o início de uma nova fase: hora de por as mãos na massa para aprender a fazer em casa, o alimento que ajudou a melhorar a qualidade de vida da família.
RECEITA DO PÃO COM OMEGA 3
Ingredientes:
250 gramas de farinha de trigo
1 ovo
Meia xícara de leite integral
1 envelope de fermento biológico
4 colheres de sopa de óleo de soja
2 colheres de sopa de azeite de oliva
10 cápsulas de 1 grama de óleo de peixe que podem ser compradas em farmácias de manipulação
Uma colher de chá de manjericão
Uma colher de chá de orégano
Uma colher de chá de alecrim
Modo de preparo:
Coloque no liquidificador o leite, o óleo de soja e o azeite, o fermento, o ovo, as 10 cápsulas de óleo de peixe. Bata rapidamente, durante 10 segundos. Despeje numa bacia e acrescente a farinha de trigo. Mexa com uma colher pra misturar os ingredientes e depois amasse bem. Cubra e deixe a massa descansar por 30 minutos, até que ela dobre de tamanho. Leve ao forno pré-aquecido. Asse durante 30 a 35 minutos em fogo baixo.
Pesquisa de Ana Vládia Moreira da Universidade Federal do Rio Grande do Norte