O Brasil apresenta altíssimos níveis de perda de alimentos, tanto ao longo das cadeias produtivas e de distribuição, incluindo o varejo (de 27 a 30% do total produzido), quanto no preparo e armazenamento de alimentos em domicílios, restaurantes e cozinhas industriais. Um exemplo desse desperdício está na safra de grãos, da qual estima-se que 15,8 milhões de toneladas por ano, ou seja, 20,7% da produção brasileira sejam desperdiçadas.
Segundo Miriam Ferrari, gerente geral da Associação Prato Cheio, ONG que atua no combate à fome e ao desperdício, as falhas podem ser evitadas já durante a colheita dos alimentos. Mas outro ponto importante é a falta de conhecimento e preparo dos vendedores e consumidores ao manusear os alimentos, que na hora de comprá-los e conservá-los desperdiçam boa parte dos legumes, frutas e hortaliças. As conseqüências são alarmantes, já que as 5,5 milhões de toneladas de hortaliças perdidas deixam de alimentar cerca de 53 milhões de brasileiros.
Outro dado preocupante é que cada brasileiro gera em torno de um quilo de lixo, sendo que 65% desse total é lixo orgânico, formado por restos de alimentos. “Para reverter esse quadro, precisamos criar a cultura do aproveitamento integral dos alimentos”, afirma Miriam.
Segundo Camila Borges, técnica de nutrição da Associação Prato Cheio, o consumidor deve aproveitar integralmente alimentos ricos em vitaminas, minerais e fibras, como folhas de cenoura, beterraba, abóbora, rabanete; cascas de batata, banana, tangerina, mamão, pepino, maracujá, abacaxi; talos de couve-flor, brócolis e beterraba, entrecasca de melancia, maracujá; sementes de abóbora, melão e jaca; tutano de boi, pés e pescoço de galinha e nata de leite.
Com as cascas das frutas (ex: maçã, pêra, abacaxi, etc), pode-se fazer sucos batidos no liquidificador. Além disso, também podem ser utilizadas em bolos, doces, recheios, sucos, chás, geléias, sorvetes. Já as folhas e talos, pode ser usadas em saladas, recheios de panquecas, pizzas, salgadinhos, tortas, suflês, ou enriquecendo molhos e sopas. Camila ainda lembra que os legumes devem ser cozidos em pouca água e por pouco tempo, pois o processo de cozimento vai evaporando os nutrientes.
